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segunda-feira, 22 de março de 2010

Crônica: Um copo de água, por favor

Um, dois, três... Acabaram os degraus.

Ufa. Enfim, cheguei.

To em casa depois de uma longa caminhada pelas ruas sob o sol forte.

Abro a porta e sigo pra cozinha.

Água. Sede. Água. Muita sede. Desesperado. Preciso de água.

Pego um copo e corro para o filtro.

Vazio.

Já sei! Geladeira.

Abro. Estou tremendo. É a sede. Procuro, mexo, remexo de um lado pro outro. Nada. Nada mesmo. A garrafa de água está vazia.

A torneira. Isso. Me resta a torneira. Pode ser essa água quente, mas eu quero. Eu preciso.

Sigo com meu copo vazio. As pernas já estão tremendo. Bambas. Bato o copo, quase quebro mas coloco debaixo da fonte da vida e abro a torneira.

Giro uma, duas, três voltas e... NADA!

Como assim. Como não tem água na torneira? Nem barulho faz.

Insisto.

A torneira travou, chegou ao limite. Fecho e abro uma, duas... cinco vezes e nada.

Olho em volta e nada pra beber. Nem mesmo um refrigerante, uma cervejinha, uma gota de água sequer.

Como não tem água? Tinha tanta água pelo caminho...

O porteiro estava regando as plantas com um jato de água.

A dona de casa de frente ao meu prédio conversava com a faxineira, do meu prédio, enquanto as duas jogavam água nas calçadas. Isso, uma de cada lado da rua com a mangueira a todo vapor, digo, a toda pressão para limpar o “pó” da calçada e... e não tem água na minha torneira?

Na esquina, o lava rápido ilegal lavava carros. Dois ou três na fila com uma mangueira jorrando água e... e como não tem água em minha casa?

Pelo caminho, ainda passei por uma ponte e o rio estava cheio d’água.

Uma água marrom, mas era água. Tinha alguns plásticos, copos, vidros, pet’s, pneus... mas era água e... e como minha torneira estava seca?

Tanta água, tanta sede... mas nada, nada de água. Nada de água na minha casa.

Os pensamentos estavam sumindo. As pernas já não ajudavam mais. Mas, quando estava quase entrando em desespero, uma luz.

Já sei. A vizinha. Sim, isso mesmo. A vizinha deve ter água, afinal, ela já me emprestou uma xícara de açúcar para o café.

Uma xícara, vizinha, por favor, uma xícara?

De açúcar?

Não. De água.

...

Glut. Gluut. Gluut. Obrigado.