Uma foto e mil palavras
Em pleno meio dia não tem como.
Não tem como segurar o sono, nem a fome. Enquanto mãe descansa, vitima do implacável sono, que não perdoa o cansaço do trabalho, nem o esgotar das energias, o bebê se alimenta.
Meio mal arrumado e nem tão confortável, apesar de colo de mãe ser como travesseiro de nuvens, o bebê curte seu lanche: uma mamadeira de leite.
O leite já não deve ter o sabor de antes, pois só no ônibus ele já está há uma hora. Talvez a mãe o tenha preparado antes de sair de casa, quem sabe 10h ou 11h da manhã.
Já passava do meio dia. A temperatura não era das melhores, pois estava abafado. Todos suavam. Os adultos sentiam-se incomodados e, a criança, então, nem se fala: no colo cansado da mãe, sem uma companhia para lhe sorrir; sem uma mão para lhe acariciar, a não ser o “calor” da proximidade da mãe, que todo filho sente, mesmo quando preza nas garras do sono, estava distante.
Seus olhos transmitiam um ar de curiosidade. O que pensava ela? O que formulava em seu pensamento livre das complicações e comparações adultas? Talvez estivesse tentando descobrir porque aquelas pessoas entravam e lotavam o ônibus, mas, do nada, sem motivos "compreensíveis" para aquele bebê, elas saiam e deixavam o ônibus vazio e, seus olhos, sem vidas para observar.
Talvez o bebê, cujo nome não se sabe, ainda não compreenda que a vida dos homens é assim: uma hora cheia, repleta de olhares e sorrisos, mas, de repente, vazia, sem muitas companhias. Os amigos da escola seguem caminhos diferentes; os da faculdade trabalhos distantes do seu; e, aquele discurso de que "vamos nos encontrar depois de formados" é ilusão. Ninguém volta a se ver, a não ser por acaso. Os familiares, alguns partem, outros se distanciam. Só alguns ficam.
E, assim, a vida passa e o ciclo recomeça, até chegar a hora de você descer do ônibus.
Este Blog procura retratar o cotidiano por meio de textos que buscam uma aproximação com as chamadas crônicas, tendo em vista o grande dilema que há em relação a este estilo, seja ele do jornalismo ou da literatura. Estas crônicas são criadas a partir de fatos e observações presenciadas ou vividas no dia-a-dia pelas mais variadas pessoas que perambulam pelas praças, ruas, avenidas, lugarejos, cidadelas, ônibus, bares, jardins... Ora visíveis e outras muitas invisíveis. Boa leitura!
Seja bem-vindo ao FalaGuri. Boa leitura amigo internauta. Hoje é
Ônibus. Palavra inspiradora que pode dizer muito da vida. xD
ResponderExcluirUm mini-mundo.
Muito bacana sua comparação, Fachinão!
Passa no meu depois, tem a continuação daquele texto. Na verdade, não é bem uma contiinuação, mas "um outro lado" ;)
Bjussss