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sábado, 24 de janeiro de 2009

Escada da Vida (Cap.2.)

Um novo horizonte no caminho dos sonhos

No último capítulo, o Jovem Juliano, rapaz simples e humilde, decidiu que apostaria tudo por um emprego em informática. Com auxilio do amigo Chico, dono de uma banca de revista, fez um currículo. A ansiedade tomou conta do jovem, pois nunca havia distribuído currículo e nem buscado emprego em grandes empresas. (se quiser você pode acessar o Cap.1, clique aqui)



- Mãos à obra. - pensou Juliano ao sair de casa, logo pela manhã. Mal acabara o café e já esta à porta de casa a despedir-se dos pais. O dia traria novidades para o jovem que pela primeira vez entregaria currículo com o objetivo de encontrar o emprego dos sonhos.
- Bom dia Juliano. Chegou cedo. - exclamou sorridente o amigo Chico enquanto entregava nas mãos de Juliano o envelope com as cópias do currículo.
- Como entrego um currículo, Chico? Mal dormi pensando nisso.
- Olha, seja você mesmo. Converse. Mostre-se interessado e dedicado. Fiz até uma sugestão de empresas para você entregar. Mas você vai ter que, ainda hoje, buscar um curso de especialização em montagem e manutenção de computadores e redes ou operação de computador. É necessário saber qual caminho você quer seguir.
- Chico. Eu gostaria de trabalhar com montagem de computadores, criação de sistemas. Eu sei fazer tudo isso. Aprendi com a leitura de revistas. Mas não tive prática. Espero que me aceitem nas empresas.
- Juliano. Vou te ajudar a bancar um curso básico. E até chegar seu primeiro convite de emprego, você vai trabalhar concertando pequenos problemas de computadores de pessoas que eu conheço.
- Muito obrigado.
- Agora corra. Está na hora de entregar currículo.
Aos passos lentos, Juliano seguiu olhando a lista de empresas que seu amigo havia indicado. Na primeira, entrou tímido. Tremia enquanto deixava na mão da secretária uma cópia do currículo. As palavras sumiram. Mal conseguiu dizer “tchau”.
Decepcionado com a timidez pensou em desistir.
- Quem iria chamar para a entrevista alguém que nem fala? - pensava desanimado Juliano, quando uma lágrima esquentou seu rosto. Forte, o jovem secou a lágrima. Ergueu o rosto. Olhou para frente e entrou em muitas outras empresas. A cada entrega de currículo, um novo Juliano surgia. Despojado. Comunicativo.
O envelope ficou leve. Acabaram os currículos, mas chegaram as dúvidas.
- Vão me chamar? Se chamarem, o que faço?
Fim de tarde e Juliano chega em casa. Aos pais, conta entusiasmado as mais diferentes experiências que teve ao entregar currículo. Secretárias educadas, outras não. Chefes que pegaram em mãos o currículo. E tantas outras mais ou menos engraçadas.
Passaram-se alguns dias e Juliano não havia sido chamado. Estava decepcionado. Mas seguiu o conselho de Chico, e começara o curso de operação de computador. Em casa, enquanto consertava um computador, o telefone tocou.
- Alô. Queria falar com Juliano.
Enfim, a primeira entrevista de emprego. Ansioso, Juliano correu contar para os pais a peara o amigo Chico. A primeira entrevista de emprego estava marcada para o final da tarde daquele mesmo dia, com o gerente da empresa.
Bem vestido e a passos longos Juliano saiu de casa em direção da empresa. Na esquina de onde faria sua primeira entrevista, os pensamentos começaram a embaralhar as frases prontas que o jovem havia preparado pelo caminho. Estava adiantado. Ansioso. Não sabia o que falar. A timidez da entrega do primeiro currículo lhe vinha à mente. Não queria que acontecesse o mesmo agora na entrevista. O sinal fechou. No embalo das pessoas, Juliano atravessou a rua em direção a empresa.
- O que me aguarda? - sussurrava baixinho Juliano, subindo degrau a degrau da empresa. Seria a primeira entrevista de emprego.
- Olá. Eu vim para a entrevista. - disse o jovem ao olhar para a secretária.

Continua na próxima edição.






(crônica publicada na revista Empregos e Empregados, Ano1/n3/out.nov 2008.)








fABIANO fACHINI

sábado, 17 de janeiro de 2009

Devaneio: quer apostar?

Na fila do dentista.
Secretária:
- Joe, sua ficha.
- Está aqui. Como está a dentista viúva?
- Como viúva? Ela não é viúva! Ela é casada.
- Quer apostar que ela é viúva?
- Ela não é viúva!
Dentista: - Olá. O senhor é o próximo?
- Sim, sou eu. Mas antes, meus pêsames dona viúva.
- O senhor está brincando?
- Não. Este retrato não é de seu falecido marido?
- Sim, é dele. Mas ele não é falecido.
- Quer apostar que é?
- Que apostar! Faça-me o favor! Estive com ele hoje pela manhã, no café.
- Quer apostar que ele está morto?
- Chega. Vou tomar água porque o senhor está me deixando nervosa.
- Quer apostar?
- Você quer ser atendido? Ou será que não está no consultório errado?
- Não. Quero apostar!
- Tudo bem. Vamos apostar.
Uma hora depois. Telefone toca na marcenaria do Francisco.
Francisco:
- Alô.
- Tudo bem Francisco? É o Joe, quer apostar?
- E você quer apostar que aqui é o Francisco?
- Daqui 4h vamos ao cemitério. Eu mandei mudar a foto.
- Você roubou o retrato?
- Não. Quer apostar que eu só peguei emprestado?
- Sei... vamos lá então. Ela vai?
- Quer apostar que sim?

fABIANO fACHINI

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Novo amor de mãe

- Puta!
...
- Que menina puta! Vagabunda, safada.
Segundos depois...
- Vai ser chegar em casa e eu te quebro a pau!
Milésimos depois...
- E ela sabe que eu quebro mesmo! Só não quebro aqui por que não tenho um pau na mão. Sua putinha, eu podia estar em casa, mas tenho que passar na escola e ver que essa puta se envolveu em confusão na escola.
Minutos depois...
- Com sua idade, minha mãe mandou eu limpar merda dos outros na privada dos outros.
Milésimos depois...
- Você quer fazer isso? Quer sua vagabunda? Mais uma dessas na escola, se eu já não tiver te aleijado, eu te coloco pra limpar merda dos outros.
Segundos depois...
- Se bem que aleijada é melhor! Pego e arrasto pra qualquer lado. Não me daria trabalho. Ia ficá num canto, sem incomodar ninguém!
Minutos depois...
- Que filha vagabunda que eu tenho. Que filha puta. Eu ainda te alejo!
...
Palavras fortes. Ouvi todas da boca de uma “mãe”, que cuspia injurias e criticas para a jovem filha que, acuada em sua pequenez, tremia ao ouvir a mãe gritar. Entre leves soluços, o queixo da menina tremia. Ela parecia não querer deixar transparecer o medo e a vergonha. Talvez a mãe não aturasse uma filha fraca.
Não montei as frases, nem as inventei. Elas estão frescas em minha mente, como se meu inconsciente cobrasse, agora, de mim, uma atitude que não tive, talvez por incapacidade, no momento da cena.
No ponto de ônibus, a mãe estava descontrolada. Parecia um “animal selvagem”. Os olhos estavam vermelhos. As mangas estavam arregaçadas. As mãos cerradas e os punhos apostos tremiam. De momentos em momentos, aquela que recebeu o título de mãe curvava as costas e olhava nos meigos e assustados olhos da filha. Chingava. Não gritava, mas berrava.
Enquanto eu esperava o ônibus 3.32, no ponto da rua "x", sentido Barão Geraldo, via nas pessoas o mesmo sentido de estranheza. Mas estávamos perplexos. Não conseguíamos agir. As pessoas que passavam ficavam assustadas, enquanto olhavam para traz e viam e ouviam a mãe esbravejar.
A dita mãe, não via nada além da filha. Como a presa de um leão, a menina de aproximadamente seis ou sete anos estava assustada, tremendo diante da mãe.
O ônibus chegou. Com dúvidas, entro e escolho um lugar próximo à janela. Tento observar se a menina está bem. Envergonhado da falta de atitude. Porém, não dá tempo. O sinal abre e o ônibus segue em frente.
Viajando em pensamentos, sou despertado pela conversa entre as duas senhoras sentadas à minha frente. Elas falam sobre um caso de violência contra criança. Era a morte do menino João, da região de Campinas.
As coincidências acontecem?
Talvez, mas sempre para despertar as pessoas para a realidade.
A mídia tem dado destaque para a violência contra as crianças. Primeiro, o caso Isabella. A história que despertou a fúria das pessoas à busca da justiça e a indecência das outras ao procurarem os holofotes das câmaras de televisão para conquistar o “minuto da fama”.
Até o momento, as respostas estão inalcançáveis. A “novela Isabella” não chegou ao capítulo final e já surgiu espaço para o seriado do menino de 5 anos morto no interior de São Paulo, Ribeirão Preto, que pode ter sido vítima da mãe e do padrasto.
Outras crianças, ainda bebês, são abandonadas. A menina nasceu prematura e após dois meses no CTI recebeu alta. Uma hora após ser retirada pela mãe, a menina estava dentro de um saco plástico a boiar na Lagoa da Pampulha. Casos conhecidos e que tiveram espaço até mesmo na mídia internacional. No entanto, há numerosos casos de violência infantil escondidos, mascarados pelas leis ou pelos autores.
De onde vem tanta violência?
Que crianças são estas que merecem a morte, o abandono ou as calunias da mãe que ganhou espaço na abertura deste texto?
Só há uma resposta para tanta crueldade: os culpados devem ser as crianças. Elas são insensíveis. Talvez não compreendam os pais, por isso mereçam agressões, castigos e abandono. Ora, bebês não são meigos. O sorriso de uma criança é incapaz de fazer um “bruto” sorrir. Crianças não se sensibilizam com quem sofre. Crianças não abraçam os avós. Os adultos, estes sim são conscientes! São capazes, realmente, capazes de incontáveis proezas.
Só mesmo a ironia para, talvez, esquecer a maldade que sofrem as crianças, pequenas presas de famintos selvagens.

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todo diálogo aconteceu nas ruas de Campinas. O relato é real.

fABIANO fACHINI

Sete por 7


- Ele falou: “sai sua vagabunda”. E eu pedi para tirar meu filho e disse: sai Aline e tira seu irmão. Aí eu puxei ele e falei: o cinto está aqui, calma eu vou tirar. E ele: “não sua vagabunda, anda logo”. E bateu a porta e eu não pude fazer nada.
Palavras de mãe. Desespero. Dor. Tristeza. O fruto de seu ventre se desprendendo de suas fortes frágeis mãos. Dor de mãe... dor de pai... dor de irmã...
Por sete quilômetros o inocente João Hélio Fernandes, criança de sorrisos e gargalhadas, foi arrastado. Menino de ‘carne e osso’, de sentimentos. Um João como tantos outros meninos e meninas como nós, como eu e você aos 6 anos.
Impuros. Violentos. Indignos de serem chamados de homens. Assassinos de virtude alguma.
A dor do menino e da família não precisava de sete quilômetros para fazer chorar. Estes seres de má fé erraram. Estes seres podem ser fruto de uma sociedade por oras injusta, porém, mais injusto ainda é tirar a vida de uma ‘semente de esperança’ e, de uma família que por dias ficará à porta a espera de avistar a volta do filho da escola.
Incitados a errar,se apaixonaram pela avareza. Vontade exagerada de possuir qualquer coisa. Cobiça descontrolada, ganância. Tomaram para si o carro e deram fim a vida, aos sorrisos.
Arrogantes. Seres orguhosos, incapazes da humildade. Não tiveram respeito ao próximo. Não ouviram o choro de João e nem os apelos da mãe. Fechados em si, em sua soberba e altivez, continuaram a marcar as ruas do Rio.
Sacudidos pela ira, foram incapazes de se conter. O intenso sentimento de raiva e ódio, que para muitos é fruto de ofensas e insultos, nestes seres, pode ser outro. Talvez, a ofensa tenha sido o sorriso puro de uma criança de 6 anos por sua alegria em viver. Um João de muitos.
Seres de preguiça e vadiagem. São sete quilômetros e a vida se esvai pouco a pouco. O amor ao próximo não existe. O Rio fica manchado.
A gula não foi saciada. Os valores se invertem, por oras somem.


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Escrito há algum tempo. Resolvi colocar no blog como forma de não deixar o texto na gaveta e relembrar o triste episódio que marcou o Brasil. Além disso, logo posto outro sobre violência infantil. Acredite: você não vai acreditar no que lerá.