Seja bem-vindo ao FalaGuri. Boa leitura amigo internauta. Hoje é

terça-feira, 20 de maio de 2008

O Moleque Juliano


Era uma vez um moleque chamado Juliano. O nome Juliano por acaso, pois poderia chamar-se Anderson ou Franke, isso é o de menos. Bom! Ele gostava muito de ler, mas era de família pobre, e conseguia alguns livros com amigos da escola e outros com sua professora. Lia também jornal na banca do Zé, seu amigão. Porém, um inconveniente, acreditava fielmente em tudo o que lia, inclusive contos de fada. Então, certo dia, disseram-lhe que nem tudo o que lia e ouvia era verdade. Foi o fim. Juliano sentiu-se abalado. E aí, a desconfiança das histórias que começam com “Era uma vez”.

Ao descobrir esta verdade assustadora a seus olhos, Juliano já estava crescidinho. Entrara na puberdade, e garotas já lhe tiravam a atenção. Apaixonou-se por Ana, garota que se sentava na terceira classe da primeira fila à sua direita. Mas ela era “diferente”, e não depositou nele nem mesmo sentimentos de amizade. Decepcionou-se e lágrimas ardentes feriam-lhe o rosto e a alma. Cicatrizes doloridas. A dúvida em relação ao amor chegou ao peito de Juliano.

Fugindo da desilusão amorosa, decidiu, então, entrar na política. Leu e releu teorias políticas, acompanhou eleições e investiu em seu belo palavreado, porém, interesse nenhum despertou em seus amigos. Investiu no “Juliano de gravata”, assim, tornou-se conhecido e, venceu as eleições. No entanto, não cumpriu as promessas. Por fim, voltou a dizer o velho chavão que há tempos aprendera: “Todos os políticos são iguais”. Mas, agora, incluía-se nesse grupo. Juliano decepcionou-se com a política.

E a religião? Que tal? Leu salmos e cânticos, evangelhos e outros livros da sagrada Bíblia. Analisou e questionou-se. Buscou ajuda com padre e pastores, mas restaram-lhe dúvidas na cabeça acerca da religião e da fé. E a decepção por não encontrar respostas abalou sua fé.

Depois de tantas decepções, Juliano decidiu confiar seus segredos aos amigos. Outra decepção! Agora, com os amigos, enfim, com a humanidade. Eles não eram seguros como esperava. Duvidou que continuar ajudando e consolando o próximo o ajudaria.

No final da vida, ainda estava triste e em busca de algo bom para si. Juliano sentia feridas se cicatrizarem, não eram cicatrizes no braço ou na perna, eram cicatrizes na alma. Cicatrizes das tristezas vividas, que agora, retratavam-se em seus olhos. Porém, ainda restava-lhe esperança e decidiu confiar em si mesmo, ser exemplar! Mas errou! Errou várias vezes. E assim, desacreditou e duvidou de si mesmo.

E você leitor, desconfia de contos que comecem com “Era uma vez”? Então, não pode esperar um final “E todos viveram felizes para sempre”, nesta história.


autor: Fabiano Fachini

3 comentários:

  1. Desconfio!! hehe

    Não acredito no 'e viveram felizes para sempre' mas também não creio em frustrações eternas, na ausência completa de felicidade... Talvez o conto desanime os mais fracos a não serem persistentes! Gostaria de me posicionar contra o conformismo de uma vida infeliz... Mesmo se não conseguir o final feliz dos contos de 'era uma vez' (ou pelo menos como eles costumam ser... o do seu é mais provável, infelizmente hehe) prefiro ser como Juliano e insistir em achar respostas e identidade! :) :)

    Mas gostei muito do conto, com certeza traz algo para ser pensado... discutido... e filosofado!! hehehe

    Já lhe disse que vc escreve beeeem, não é Fachini?

    Parabéns pelo blog!
    Beijos
    :*

    ResponderExcluir
  2. Oieee!Eu demoro mas cumpro..rs!
    Adorei os textos!E já te falei que vc sérá um grande jornalista!
    Parabéns!
    Bjs

    ResponderExcluir
  3. Acho que desconfio mais em histórias que terminam com um "foram felizes para sempre"

    ResponderExcluir