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terça-feira, 10 de junho de 2008

Chuteiras cor-de-rosa


No país do futebol, as chuteiras mudaram de cor. Não são mais as brancas de Rivaldo ou as amarelas do chamado “fenômeno”. Após a experiência do PAN, chegou a hora das chuteiras cor-de-rosa. O futebol das meninas seduziu a todos os brasileiros. Marta encantou o Brasil, mas já havia encantado o mundo. Uma lástima, pois assim como o país não conhecia a melhor do mundo, também não havia dado ouvidos ao que elas queriam: ser reconhecidas. E olha que em Atenas elas já haviam conquistado esse direito!

Alguns brasileiros recuperaram a alegria de ver futebol, ou melhor, de ver a amarelinha brilhar novamente; trabalhar com a bola como se ela, mais a jogadora, fossem peça única. Até que, por fim, a rede balance e, os gritos e aplausos encham o estádio.

Um futebol de charme e beleza, que envolveu os belos lances do jogo, a unha verde-amarela, os cremes e os penteados. Para aqueles que não viram a seleção de 70 e acreditam ter perdido a fase do “futebol arte”, ver Marta, Cristiane e todo o time feminino esbanjar habilidade em solo brasileiro foi recompensador. Elas enfeitaram o jogo e balançaram a rede com a bola, com o grito e com o choro do pódio.

Muitos perderam o fôlego ao ver a Maracanã lotado, num momento em que a amarelinha é trocada por dinheiro e desafetos. O espírito do futebol ressurgiu ao ver o estádio repleto de sorrisos, e não de brigas; de crianças com bandeiras e não adultos com maldade; num Maracanã cantando e não vaiando. Este foi um momento eterno, assim como os pés de Marta na Calçada da Fama da Maracanã ao lado de outros craques do futebol, como Pelé, Zico e Garrincha.

“Dunga: olha a Marta”, gritaram os novos filhos do futebol. Novos, pois crianças e mulheres foram pela primeira vez a um estádio. Tiraram o corpo do sofá e se deliciaram com uma partida ao vivo. Puderam ver dribles, canetas, embaixadas, chapéus, enfim, um futebol com tesão, diferentemente do apresentado pela “amarelinha pentacampeã”, que apesar de vencer “los hermanos”, mal conseguiu fazer sorrir.

E a esperança continua. Um homem sem esperança tem pouco futuro. Quem sabe a Seleção reconhecida mundialmente, que há anos conquistou respeito e admiração, possa voltar aos velhos e bons tempos. Para os que não conseguirem ver essa reafirmação do futebol penta, apreciem, com satisfação e orgulho, o futebol bonito e alegre das chuteiras cor-de-rosa.

Fabiano Fachini – crônica publicada no Saiba+ em agosto de 2007.

Um comentário:

  1. Fantástica a maneira como escreve!!! Parabéns garoto!!! Menino estudioso como eh, escrevendo assim certamente um futuro brilhante!!! Adorei as chuteiras cor de rosa... e que as "cor de rosa" sejam mais reconhecidas no trabalho que desenvolvem... rsrsrs...

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