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terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Sete por 7


- Ele falou: “sai sua vagabunda”. E eu pedi para tirar meu filho e disse: sai Aline e tira seu irmão. Aí eu puxei ele e falei: o cinto está aqui, calma eu vou tirar. E ele: “não sua vagabunda, anda logo”. E bateu a porta e eu não pude fazer nada.
Palavras de mãe. Desespero. Dor. Tristeza. O fruto de seu ventre se desprendendo de suas fortes frágeis mãos. Dor de mãe... dor de pai... dor de irmã...
Por sete quilômetros o inocente João Hélio Fernandes, criança de sorrisos e gargalhadas, foi arrastado. Menino de ‘carne e osso’, de sentimentos. Um João como tantos outros meninos e meninas como nós, como eu e você aos 6 anos.
Impuros. Violentos. Indignos de serem chamados de homens. Assassinos de virtude alguma.
A dor do menino e da família não precisava de sete quilômetros para fazer chorar. Estes seres de má fé erraram. Estes seres podem ser fruto de uma sociedade por oras injusta, porém, mais injusto ainda é tirar a vida de uma ‘semente de esperança’ e, de uma família que por dias ficará à porta a espera de avistar a volta do filho da escola.
Incitados a errar,se apaixonaram pela avareza. Vontade exagerada de possuir qualquer coisa. Cobiça descontrolada, ganância. Tomaram para si o carro e deram fim a vida, aos sorrisos.
Arrogantes. Seres orguhosos, incapazes da humildade. Não tiveram respeito ao próximo. Não ouviram o choro de João e nem os apelos da mãe. Fechados em si, em sua soberba e altivez, continuaram a marcar as ruas do Rio.
Sacudidos pela ira, foram incapazes de se conter. O intenso sentimento de raiva e ódio, que para muitos é fruto de ofensas e insultos, nestes seres, pode ser outro. Talvez, a ofensa tenha sido o sorriso puro de uma criança de 6 anos por sua alegria em viver. Um João de muitos.
Seres de preguiça e vadiagem. São sete quilômetros e a vida se esvai pouco a pouco. O amor ao próximo não existe. O Rio fica manchado.
A gula não foi saciada. Os valores se invertem, por oras somem.


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Escrito há algum tempo. Resolvi colocar no blog como forma de não deixar o texto na gaveta e relembrar o triste episódio que marcou o Brasil. Além disso, logo posto outro sobre violência infantil. Acredite: você não vai acreditar no que lerá.

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