Por um descanso perpétuo
A cripta da arquidiocese de Campinas e seus leitos de homens santos
Por Fabiano Fachini - publicada na Revista A Tribuna
Vista geral da Cripta na Catedral de Campinas |
Fruto da luta de um homem santo, a cripta da Catedral Nossa Senhora da Conceição, de Campinas, foi criada em 1923. Dom Francisco de Campos Barreto dedicou suas forças na batalha da construção desse espaço dedicado ao legado histórico de grandes homens da Igreja.
Na época, Dom Barreto precisou de muitos esforços e da confiança nas orações para por em prática o projeto da construção da cripta. Os recursos à disposição eram limitados. Muitos fazendeiros e pessoas de poder da época eram contra o bispo, pois acreditavam que a construção da cripta descaracterizaria o projeto original da catedral. No entanto, a realização da cripta era muito mais do que uma obrigação a toda e qualquer catedral, era um sonho.
Com dedicação, a cripta saiu do papel e virou realidade em 01/02/1923. Construída com mármore carara, vindo da Itália, foi projetada com três metros de largura por oito de comprimento e três de altura.
Quem visita pela primeira vez a catedral, ou mesmo quem freqüenta diariamente o templo, não conhece a localização da cripta. Muitas vezes, o monumento dessas proporções passa despercebido pelos fiéis.
No altar da catedral, logo atrás da mesa da comunhão, está uma escada de 13 degraus que vai para o subsolo. As escadas estão cobertas por tábuas de madeira, aproximadamente 15 delas, que completam o piso da capela-mór e estão cobertas por um tapete vermelho. Imperceptível, quando fechada.
No interior da cripta, à esquerda de quem entra, vê-se nove carneiras destinadas aos restos mortais dos bispos. Destas, seis já estão ocupadas. As tampas das carneiras, pedras inteiriças de mármore, possuem pegadores reforçados de metal, que permitem a sua remoção nas ocasiões de enterramento. Em cada uma delas, está gravado em traço forte o nome do bispo e outras informações do homem ali sepultado.
A cripta é bem iluminada. Há também entradas de ar, o que deixa o ambiente bem arejado e ventilado.
Para quem entra na cripta, ainda de frente, há um pequeno altar, erguido sobre dois degraus, que completa a decoração.
O idealizador da cripta, Dom Francisco de Campos Barreto, tem seu restos mortais na Casa de Nossa Senhora. Na carneira da cripta, está a urna utilizada para transportar, na época, o corpo de Dom Barreto até a Casa de Nossa Senhora, onde recebe homenagem das Irmãs Missionárias, congregação da qual é fundador.
Agora, descansam em um sono eterno, na cripta, os homens de fé e ideais religiosos que nasceram ou foram bispos na Arquidiocese de Campinas. Quem visitar a cripta vai encontrar os seguintes nomes gravados nas pedras de mármore que guardam os históricos corpos desses grandes homens:
D. João Batsta Correa Nery (1863-1920) * (spiritus domini ductor – O espírito do Senhor é o condutor);
D. Joaquim José vieira (1836-1917) * (volutatem tuam – Ensina-me a fazer tua vontade);
D. Francisco de campos Barreto (1877-1941)* (dominus regit me – O senhor é meu condutor);
D. Joaquim Mamede da Silva Leite (1876-1947)* (omnia in charitate fiant – Que todas as coisa sejam feitas no amor);
D. Paulo de Tarso Campos (1895-1958)* (omnia in cristo – Todas as coisas em Cristo)
D. Antônio Maria Alves de Siqueira (1906-1993)* (in fide et lenitate – Na fé e na bondade).
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